Ah, como eu gosto de capuccino, às vezes vou ao
shopping só para saborear um... Sim, eu tenho preferência, não se trata de
propaganda, mas aquele do “Café do Ponto” é o melhor...
Eu estava na fila do caixa para pagar um capuccino
“grande”, quando esbarrei em uma pequena árvore de natal que estava no balcão.
Ela caiu no chão, separou-se em algumas partes, mas as bolas coloridas
permaneceram intactas.
Neste instante, meus pensamentos perderam-se nas
lembranças, na minha infância. Lembro-me do meu medo e cuidado para não
derrubar aquelas bolas coloridas, pois elas quebravam e suas pontas espetavam
os nossos dedos...
Era um medo gostoso, pois ali estava a família
reunida, mexendo nos enfeites do natal passado e procurando os que ainda podiam
ser aproveitados. Era uma surpresa atrás da outra, como, por exemplo, os
cartões de natal que pendurávamos nas árvores, com mensagens de amigos e
familiares.
Hoje, compramos tudo pronto: os enfeites das portas,
as árvores montadas e até mesmo embrulhos que imitam presentes embaixo da
árvore de natal... Isso me causou tristeza... A família também está
assim,“artificial”, parece enfeite que olhamos na vitrine, lindo, colorido, mas
“sem vida”, “sem amor”, “sem união”...
Mas ainda podemos ver algumas famílias reunidas em
volta da árvore que, aos poucos, vai ganhando vida, cor, enfeites e sempre tem
alguém brigando para ver quem vai colocar a estrela.
[...]
De repente, os meus pensamentos foram interrompidos
pela atendente:
“Não se preocupe, não quebrou...”
Mal sabia ela, que eu queria que tivesse quebrado,
abaixado para juntar os cacos, tentado arrumar, providenciado outros enfeites,
feito alguma coisa... Mas, num piscar de olhos, lá estava a árvore, igual,
pronta para ser derrubada por outra cliente desatenta.
O Capuccino? Saboreei bem devagar, observando a árvore
gigante que colocaram lá no shopping e o movimento em sua volta: pais tirando
fotos com os filhos...
Árvores digitalizadas para colocar no Facebook..
(Crônica de Maria Cristina Gama) - 12/12/2009
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