Hoje me lembrei de um vestido que a minha Tia Cida Fez para
mim quando eu tinha aproximadamente 9 anos, pois me lembro que eu estava na 4ª
Série...
(Para quem não sabe, fui criada pelos meus tios e a Tia Cida
era como minha mãe).
O vestido era roxo, sim, roxo, havia detalhes nas mangas e na
barra, ele tinha mangas curtas... Eu gostava muito dele.
E com esse vestido um dia fui a uma chácara de alguém que
não me lembro quem. Lá, havia uma lagoa com uma ponte, onde algumas pessoas
pescavam e em algumas partes nadavam.
Estava muito calor e eu vi algumas crianças brincando na
água e senti muita vontade de entrar também.
A Tia Cida me deixou entrar, de vestido e tudo, e arranjou
para mim uma boia preta acho que era daquelas câmaras de ar antigas de pneu de
carro...
Por que estou me lembrando disso?
Porque veio em minha memória que a minha tia parecia ser uma
pessoa dura, mas sempre deixava a gente brincar, ela falava que “criança tem de
ser criança”.
Não se importou com o vestido novo, nem se importou com a
crítica de alguém, apenas deixou!
Quando eu estava feliz, parecendo um peixe, ela ficou brava,
disse que eu estava indo muito para o fundo e me mandou ficar perto da ponte.
Na hora, eu fiquei muito chateada, fiquei olhando os outros
brincarem ao longe... e eu sozinha perto daquela ponte...
Mas, hoje, entendo como ela era zelosa, me deixou brincar,
mas dentro das regras dela, sob o olhar dela...
Por dentro, ela era mole como uma manteiga...
Aprendi com ela que criança tem de ser criança e pais têm de
ser pais, ela era sábia, e nos deixou muitas lições de vida que aplicamos até
hoje.
É Natal, as lembranças vêm, lembro-me do último amigo
secreto que ela participou, ela nem se lembrava mais quem tinha tirado, e a Zi (sua
filha caçula) cochichava ao seu ouvido e dava risada... (Ela estava com Alzheimer).
Ela não comprou o presente, não se lembrou quem tirou, mas
nós nunca nos esqueceremos de quem ela foi, uma grande mulher!
Texto de Maria Cristina dos Santos Lima
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